"Meus pais eram pequenos agricultores. Eles trabalhavam com milho, feijão, mas só para consumo próprio, porque a nossa terra era fraca, produzia pouco. Em casa não tinha chuveiro, banheiro, nem água encanada, mas mesmo com essa dificuldade toda eles criaram oito filhos. Meu começo de vida foi na lavoura de batatinha, ali com a família. Eu trabalhava com eles, ajudava, tal, e depois fazia minha área. Foi uma época boa, deu até para comprar um Fuscão. Naquela época, quem tinha um Fuscão estava bonito no pedaço. Depois vieram uns negócios ruins e eu resolvi tentar a sorte em Rio Verde. Cheguei lá e fui vendo aquela terra plana, aquele gado bonito, de pêlo fino, e comecei a gostar. Aliás, gostei tanto que acabei fazendo negócio em 1975.
O começo foi duro, aquela vidinha amarrada, só com pecuária de leite e corte, mas um dia a Perdigão veio para cá e eu procurei o pessoal deles, porque eu estava interessado em trabalhar em parceria no negócio de carne suína. Então, vinha o técnico deles ver a propriedade, se dava certo ou não dava. Eu firme naquela idéia, até que, resumindo, deu certo. Assinei o contrato e eles vieram fazer terraplenagem.
Foi uma solução para a minha vida. Antigamente, eu tinha emprego para um funcionário, hoje tenho aqui quatro, cinco. Meu filho também estava lá na cidade, já veio para cá. Vamos tocar a lavoura juntos. Eu quero trabalhar com aviário aqui também, seriam oito aviários, em torno de 200 mil aves. Eu até já pedi para os gerentes de agropecuária. Uma grande vantagem que eu vejo nesse esquema de trabalho é que assim se traz o pessoal de volta para a zona rural. A pessoa volta para cá em vez de ir se desempregar lá na cidade e ficar contrariado com a vida."
>> Este depoimento é parte integrante da exposição comemorativa dos 50 anos do BNDES, realizada na sede do Banco no Rio de Janeiro. A mostra, organizada pelo Museu da Pessoa, reúne histórias de um grande número de brasileiros que tiveram sua vida transformada pela ação do BNDES.