Sérgio Soares de Almeida - Entregador de Pizza na Rocinha (RJ)

Nasceu em São João do Cariri (PB), em 1966. Em 1971 migrou com família para o Rio de Janeiro, estabelecendo-se na favela da Rocinha. Trabalhou como office-boy no Hotel Nacional, no Rio. Atualmente possui um delivery de pizza na Rocinha.

"Já esqueci muita coisa da minha infância lá em São João do Cariri, na Paraíba, mas uma coisa que sempre vem à minha memória é uma choupana de pau a pique feita pelo meu avô; na verdade um cacto centenário, gigantesco, onde a gente se escondia e brincava. Também o cheiro de vaca, de caprinos, que tinha muito lá no sítio do meu avô. Quando viemos para o Rio, eu tinha seis anos. Passei o resto da minha infância no nosso barraco na Rocinha, até que com treze, catorze anos, comecei a trabalhar. Nesse período, eu aproveitei e fiz muitos cursos de informática. Depois, com mais dois amigos, desenvolvi um programa que a gente oferecia para gerenciar videolocadora. A coisa andou bem até que veio a TV a cabo, as videolocadoras quebraram e nós tivemos que mudar.

Nessa época, conversa daqui, conversa dali, eu consegui um equipamento de pizzaria para colocar num espaço do Banerj que havia lá na Rocinha. Aqui não existia esse hábito de as pessoas ligarem para o sujeito vir trazer a pizza em casa, então, teve uma época em que eu andava aí pelos becos contando os fios telefônicos para ver se compensava ou não abrir o negócio. O que ajudou um pouco foi que teve aquele boom da telefonia, então, mais pessoas podiam pedir e o negócio começou a andar para frente de vez. Hoje, com as linhas de financiamento, com os empréstimos a que a gente pôde ter acesso, já deu para partir para um espaço maior, já trabalhamos com refeição, rodízio de massas, três ou quatro motoqueiros free-lancers fazendo as entregas, mais funcionários. Mas no começo, antes de pagar a primeira moto em dez parcelas, eu ia a pé levar a pizza na casa da pessoa. Tinha uns amigos que falavam: "Pô, cara, eu não vou pedir pizza contigo, porque você fica todo cansado." E eu: "Não, não fico não, pode pedir que eu venho."

>> Este depoimento é parte integrante da exposição comemorativa dos 50 anos do BNDES, realizada na sede do Banco no Rio de Janeiro. A mostra, organizada pelo Museu da Pessoa, reúne histórias de um grande número de brasileiros que tiveram sua vida transformada pela ação do BNDES.



Outras:
. Raí - Diretor da Fundação Gol de Letra.
. NILDEMAR SECCHES - Ex-Diretor do BNDES
. Isac Zagury - Diretor do BNDES.
. FERNANDO PERRONE, ex-Diretor do BNDES e Sérgio Besserman, presidente do IBGE.
. EDUARDO MODIANO, ex-Presidente do BNDES
. Oscar José Gonçalves - Produtor cultural e Diretor de Artes Cênicas e Música da FUNARJ
. Sérgio Soares de Almeida - Entregador de Pizza na Rocinha (RJ)
. Ricardo Pinto Nogueira - Superintendente Bovespa
. Oldemar Alonso Cordeiro - Ferroviário Aposentado
. Marilda Martins Monteiro - Funcionária Pública aposentada
. Maria Pedroso Marcommim - Agricultora Paranaense
. José Benedeti Marcommim - Agricultor em Santa Terezinha de Itaipu (PR)
. João Bosco - Fotógrafo
. Gezo Rodrigues de Almeida - Produtor rural em Goiás
. Francisco Plácido Henriques - Gráfico paraibano
. Dora Isabel do Araújo Andrade - Fundadora da ONG Edisca
. Ademir Sebastião Longatti - Pároco em Tiradentes (MG)
. Henrique Morelenbaum - Maestro e professor
. Mauro Thibau, Ministro de Minas e Energia no período de 1964 a 1967
. Márcio Fortes - Ex-presidente do BNDES
. Lula Vieira, Publicitário, um dos diretores da V&S Comunicações
. Depoimentos sobre a desestatização
. Eleazar de Carvalho Filho - Presidente do BNDES
. Henrique Lessa - Caminhoneiro
. Rachel de Queiroz - Escritora
. Depoimentos Diversos
Projeto Memória / 1982