Maria de Fatima Torres de Queiroz

Para quem perdeu o pai muito cedo, aos 14 anos, e viveu um mundo de agruras e sacrifícios, trabalhar foi a fórmula para vencer os desafios. Desde essa época, passei a estudar à noite, para poder ter uma atividade durante o dia que me desse renda. Eu tinha plena consciência das dificuldades vividas pela família. Venho de uma família onde a maioria das mulheres é ou foi professora, inclusive minha mãe. Não foi difícil enveredar por esse caminho e demonstrar minhas habilidades àquelas mães ansiosas por dar educação e ocupação àqueles traquinas e maravilhosos pimpolhos. Sim, pimpolhos, eu ocupava minhas manhãs e tardes dando aulas para a criançada da vizinhança. Tinha criança de todas as idades, do jardim de Infância ao Admissão, sim, Admissão ao Ginásio. Alfabetizei muita criançada... Hoje muito me orgulho de ser lembrada por alguns como a primeira professora.

Era o ano de 1974, fazia três anos que eu chegara ao Rio de Janeiro. Eu já estava trabalhando e me ajustando ao modo carioca de ser. A leitura diária do jornal se fazia obrigatória, na busca incessante pela melhoria do meu status de trabalhador. Encontro mais um edital de concurso público, era o BNDES oferecendo vaga para diversos cargos. Naquela oportunidade eu fazia faculdade - comunicação social - ainda não poderia pleitear um cargo técnico, inscrevi-me para auxiliar de administração, que, mesmo sendo para nível médio, me proporcionaria um grande salto salarial. Concurso para o BNDES. Mas o que será o BNDES? Esse banco eu não conheço... Não importa, quando eu passar me preocuparei com isso.

Eu procurava avidamente entrar para o mercado de trabalho mais qualificado. Porém, naquela época, a visão de futuro, de segurança, passava pela conquista de um cargo público, através de concurso, o que passou a ser minha meta, meu sonho. Eu buscava um emprego estável, que me proporcionasse algo mais, além da sobrevivência. Esse seria o meu quarto concurso público. O primeiro, ainda em Belém, para a CDP - Companhia das Docas do Pará, onde trabalhei por um ano, até mudar-me para o Rio de Janeiro, onde também fui aprovada para a FGV, na função de arquivista, e para a CSN, onde trabalhei como auxiliar de escritório, até ser chamada para o BNDES.

Enfim, o tão esperado telegrama. O BNDES me chamava para o exame admissional. Minha classificação foi em 69º lugar, por isso não fui da 1ª turma. Era junho de 1975... a etapa dos exames médicos foi vencida, fui admitida em 07/07/1975. O BNDES, o curso de ambientação, a lotação. Ali começava uma nova etapa na minha vida ...

Em agosto de 1976, o BNDES promove um concurso interno de acesso. Tirei minhas primeiras férias e passei todo o mês de julho estudando, preparando-me para mais um salto. E que salto, meu salário iria quase dobrar... Apostei tudo, passei! Agora sou assistente técnico. Eu conquistava minha independência...

E assim teve início uma vida de conquistas... Sim, minha vida no BNDES, apesar das lutas, das frustrações pessoais e funcionais, tem saldo positivo. Foi e continua sendo uma saudável caminhada de conquistas, de aprendizado, de crescimento...

Agora, no Rio de Janeiro, trabalhando em uma instituição importante como o BNDES "O Banco que financia o desenvolvimento da economia brasileira", me sentia cidadã útil e importante. Fui trabalhar na Área de Administração, mas ansiava por uma mudança que me proporcionasse desenvolver atividades inerentes à formação que eu escolhera. Como eu concluíra o curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, eu almejava trabalhar na AR - Área de Representação do BNDES.

Morar no Rio de Janeiro me proporcionou conhecer e vivenciar as mudanças climáticas e de estações, pois, como paraense, eu conhecia apenas o "calor" e as estações de "Muita chuva" e de "Menos chuva". Passei a contemplar e diferenciar esses fenômenos: O verão, com seu carnaval; o outono com o sol findo de verão, amenizando o recreio das crianças, no retorno às aulas; o inverno, com seu guarda-roupa elegante, esquentando as noites cariocas, que teimam em permanecer nas conversas de bares, nas calçadas; e, finalmente a primavera, com suas manhãs suaves, noites frias e a chegada do horário de verão.

De todas as estações, a primavera é a minha preferida. Ela reflete em mim um ambiente de luz e cor. E o mês de setembro, particularmente, teve sempre um significado especial em minha vida. Começava pelo aniversário de meu pai, dia 1º, de minha avó materna, dia 23, e de minha mãe, dia 28.

Mas, aquele setembro de 1979 foi diferente e muito importante para mim. Consegui minha transferência para a AR. Finalmente eu iria trabalhar com pessoas e atividades que muito tinham a ver com o meu propósito de vida.

As mudanças em minha vida sempre foram encaradas com muita garra. Apesar das dificuldades para as adaptações necessárias, que foram muitas. Mudar de emprego teve sempre um significado positivo. Conseqüentemente, deixar a CSN para ir trabalhar no BNDES foi a melhor mudança que me ocorreu. Agora, a mudança de área. Vou para a AR - Área de Representação, era lá que se organizavam os eventos; que se redigiam os discursos, os releases; que se pensava e divulgava a publicidade institucional; que se produziam as diversas publicações sobre as políticas do BNDES. Enfim, a imagem do BNDES era pensada e elaborada por profissionais daquela área. Era lá que eu queria trabalhar.

E assim foi, exerci diversas funções, de secretária à coordenadora. Até que, com a ajuda de pessoas sensíveis, que percebem a inquietude alheia, me foi dada a oportunidade de demonstrar minha capacidade de trabalho como Técnico de Comunicação. Desde então, trabalhei muito, dando o melhor de mim. O layout, o copy, a revisão, a boneca, a definição do papel, da cor, a impressão... A entrevista, a matéria, o corpo, o título, a diagramação... O nascimento de um livro, de um folheto, do Informe BNDES, do EM DIA, do Relatório de Atividades do BNDES, que segue por este Brasil, divulgando einformando o quanto o BNDES impulsinou a economia.

O cinema, que paixão! O roteiro está ali, nas tuas mãos... Os projetos, a comissão, a seleção, o resultado, a liberação dos recursos, a filmagem... Enfim, a pré-estréia. Ver o filme, ler os créditos, a comprovação... "O BNDES patrocina o Cinema Nacional".

Mas, nada se compara à emoção de acompanhar uma restauração... Monumentos históricos, museus, igrejas... A intervenção lhes devolve a face da obra de arte que não soubemos ter, que precisa de reparo e de amparo. A Lei Rouanet... Nesse contexto, o BNDES também faz a sua parte.

Era o ano de 1997, mais uma mudança importante em minha vida. Deixo para trás aquele trabalho que eu fazia com tanta paixão. Em fevereiro de 1998 retorno a Belém - minha terra. o BNDES implantava aqui, o seu mais novo escritório de representação.

Hoje estou como Gerente da Representação. É uma responsabilidade muito grande e motivo de muito orgulho, representar o BNDES na Região Norte. Procuro dar o máximo de mim, trabalhando com muita garra e competência, na certeza de que também contribuo para o crescimento dessa instituição tão importante para o desenvolvimento de nosso país, que muito já fez e que ainda tem muito a fazer pelo Desenvolvimento Regional (Norte, Nordeste e Centro Oeste), na busca da melhoria das condições de financiamento, que viabilizem e promovam a elevação do nível de emprego e de renda e a melhoria das condições de vida na Região, mais especificamente nas microrregiões que necessitam de revitalização econômica e suas conseqüências no contexto social.



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