Anna Christina Pereira Varella

Vou contar uma insólita história que aconteceu comigo, há alguns anos atrás, por volta de 1996...

Naquele tempo, eu era técnica na Área de Infra-Estrutura, quase recém-chegada ao banco (entrei em 1993 no concurso dos "frescarinis" - como somos conhecidos aqui), e estava ainda no início da minha carreira. De repente, havia uma excelente oportunidade de eu realizar um bom trabalho; fiquei responsável pelo Projeto Hermasa, um importante e pioneiro projeto que se propunha a mudar a rota de escoamento da soja, antes realizada por carretas. Com o novo projeto (que era um dos listados no Programa Brasil em Ação, prioridade do Presidente da República à época), a soja passaria a ser transportada através de comboios fluviais, utilizando os rios Madeira e Amazonas para então alcançar o mercado externo.

Marcamos a visita de análise. A equipe do BNDES se encontraria com o empresário e sua equipe no aeroporto de Porto Velho e de lá sobrevoaríamos o rio Madeira. Conheceríamos então todo o processo de plantação, colheita e de escoamento da soja. Nessa época, eu morava em Jacarepaguá e, devido aos monstruosos engarrafamentos de nossa cidade, eu deveria sair de casa com muita antecedência para não correr o risco de chegar atrasada ao aeroporto.

Eu estava ansiosa para que tudo desse certo na viagem, mas justamente naquele dia o engarrafamento já chegava na descida da Grajaú-Jacarepaguá! Eu estava no carro com o meu marido e faltavam apenas 30 minutos para minha chegada ao aeroporto. Tudo o que minha visão conseguia vislumbrar era um mar de carros à minha frente... comecei a ficar em pânico! Como eu, tão dedicada ao desenvolvimento da minha carreira no banco poderia estar NAQUELA situação?! De repente, eu vejo uma moto passar direto pelo carro e imaginei... ah se eu tivesse de moto... Grande idéia!!!

Ao passar a próxima moto, fiz sinal para o rapaz (um entregador de pizza da Parmê da Taquara) e perguntei-lhe quanto queria para me deixar no aeroporto em 30 minutos. Ele me respondeu que estava atrasado para o trabalho e que não poderia me ajudar. Resolvi então falar em cifras... uma pessoa humilde, devia receber um salário mínimo por mês, talvez não resistisse à tentadora proposta. Ofereci-lhe R$ 50,00 (cinqüenta reais) em dinheiro caso aceitasse a empreitada. A resposta dele foi: " - Sobe aqui!".

Sem pestanejar, subi na moto "de mala e cuia", despedi-me do meu marido e seja o que Deus quiser!!! Esses entregadores de pizza são excelentes pilotos!!! É certo que cheguei ao aeroporto exatamente quando meu chefe entregava sua passagem para a moça do check-in... ufa! Não sem sobressaltos! Ele jamais imaginaria a aventura que eu acabara de passar...

Em resumo, a viagem e o projeto foram um sucesso. Rimos muito da minha história e hoje a conto com orgulho: devemos sempre correr atrás dos nossos objetivos, que com dedicação e esforço eles sempre serão alcançados.



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