Crianças mostram no Rio a força de 17 projetos sociais


BNDES patrocina mostra com grupos de jovens carentes
O guarda-chuva é pequeno. Mas está ajudando a abrigar meninas e meninos carentes de Recife e Fortaleza, crianças de rua do Rio e de São Paulo, jovens em situação de risco das favelas das grandes cidades brasileiras: com R$ 40 milhões anuais para projetos na área social, o BNDES vem ajudando organizações não-governamentais a melhorarem suas condições de trabalho, ampliarem seus serviços e criarem novas formas de atuação. Agora, chegou a vez de os brasileirinhos e brasileirinhas salvos das tempestades da violência e do abandono mostrarem que, com eles, não têm tempo ruim. De 25 a 28 de novembro, 17 grupos vão se apresentar no Rio, na "3ª Mostra BNDES arte em ação social".

- Não convidamos somente grupos que já foram beneficiados pelo BNDES. Também damos espaço para projetos que estão ajudando a melhorar as condições de vida de crianças e jovens carentes. Na mostra, eles trocam experiências e têm uma chance de exibir seus trabalhos, o que, não raras vezes, facilita que obtenham parcerias com outras ONGs ou com empresas - diz Beatriz Azeredo, diretora da área de desenvolvimento social e infra-estrutura urbana do BNDES.

Fundo social do banco foi criado há cinco anos
O fundo social do BNDES - oficialmente Programa de Apoio a Crianças e Jovens em Situação de Risco Social - foi criado em 1997 e faz parcerias com ONGs das área de saúde, educação, direitos humanos e cidadania. Mas é justamente com instituições que combinam o atendimento a menores com arte e cultura (balé, circo, teatro, artes plásticas, música) que o fundo vem rendendo os melhores frutos.

- Ao vincular arte e cultura com outras propostas, você facilita a aproximação com a criança e ajuda a recuperar o vínculo familiar e escolar. E ainda trabalha com um fator importantíssimo: a construção de sonhos e de uma visão de futuro - observa Beatriz.

Exemplo disso pode ser percebido no grupo de balé Edisca, de Fortaleza, criado em 1991 pela bailarina Dora Andrade. De tanto ver meninas sem perspectivas de trabalho, fora da escola ou à beira da prostituição, ela resolveu dar aulas de dança para crianças carentes. No começo, as intricadas pinturas corporais não serviam apenas como expressão artística - também ajudavam a disfarçar os resultados da violência doméstica. Hoje, 280 meninos e meninas aprendem balé, fazem reforço escolar, recebem noções de higiene, acompanham aulas de informática e garantem um complemento alimentar. O BNDES ajudou a construir a sede.

- O Edisca rompeu dois tabus. Um, estético, porque nossas crianças não têm o biotipo clássico de um bailarino. Além disso, acabamos com a barreira econômica, porque nossos dançarinos são muito pobres - diz Dora, que está em Paris, acompanhando 29 crianças, que dançarão num encontro da Unesco que trata, justamente, do problema das crianças de rua no mundo todo.

O sucesso do Edisca não é o único a ter a chancela do BNDES. O Pracatum, escola de música de Carlinhos Brown, no Candeal, Salvador, recebeu verba para sua sede. O mesmo acontece com o AfroReggae, na favela de Vigário Geral, no Rio. O grupo vai ganhar um centro cultural, que poderá ser usado por outras entidades que trabalham com música, e terá até um estúdio.

Na mostra do Rio, também prometem fazer sucesso o balé afro Majê Molê, de Recife - que ensaia num matadouro abandonado, sem telhado - e os alunos do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), de Minas. Na sede do centro de Curvelo, no interior do estado, meninos e meninas aprendem a fazer esculturas com material reciclado.

- Temos uma usina de educação que está sempre em ebulição - diz o pai do CPCD, Tião Rocha, que coordena projetos de educação e saúde, além das oficinas de reciclagem e de produção artesanal.

BNDES abriu inscrições para 30 projetos
Os bons resultados serviram de incentivo para o fundo social ganhar um filhote: com o nome "Transformando com arte", o BNDES abriu inscrições para escolher 30 projetos que precisem de verbas entre R$ 10 mil e R$ 200 mil. O resultado sai em dezembro, mas a tarefa dos 12 técnicos do banco que trabalham na área não está sendo fácil.

- Fizemos a divulgação por e-mail, nas próprias entidades ou nas redes que reúnem esses grupos. Imaginávamos que seriam uns 300 inscritos. Foram 1.350 - conta a gerente de estudos setoriais na área de desenvolvimento social do banco, Cláudia Costa.

Segundo Cláudia, embora apenas 30 projetos possam receber a ajuda, a montanha de informações terá utilidade:

- Vamos criar o embrião de um banco de projetos que usam a arte para ajudar jovens. Conhecendo melhor esse universo, poderemos, por exemplo, formar redes de intercâmbio. Para nós, além do financiamento, é importante ajudar os grupos a se articular com os governos, com outras entidades e até com a iniciativa privada.

Jornal: O GLOBO
Edição de 17/11/2002
Editoria: O País
Página: 18
Caderno: Primeiro Caderno


 



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